Prevenção da Gravidez na Adolescência
Disseminar informações preventivas e educativas que auxiliem na redução das gestações em jovens é papel de toda a sociedade
Segundo a OMS, a adolescência compreende o período de 10 a 19 anos. Neste período, o indivíduo estabelece sua identidade adulta a partir de internalizações e identificações ocorridas na infância, principalmente na relação com seus pais, mas também levando em conta as influências da sociedade em que vive.
A Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, instituída pela Lei 13.798, de janeiro de 2019, é realizada na primeira semana de fevereiro. Nos últimos anos, a incidência de gravidez na adolescência vem aumentando significativamente, tanto no Brasil como no mundo. Vários fatores contribuem para a gestação entre as adolescentes, como o uso inadequado de métodos contraceptivos, o uso de métodos pouco eficazes, e a falta de acesso e de conhecimento que contribui para concepção não planejada nessa fase da vida.
A literatura tradicional relaciona essa situação às mudanças sociais ocorridas na esfera da sexualidade, as quais provocaram maior liberalização do sexo, sem que, simultaneamente, fossem transmitidas informações sobre métodos contraceptivos para os jovens. Segundo esses autores, a gravidez na adolescência é indesejada, sendo enfocada como um problema que deve ser solucionado por meio de programas de informação sexual. Novos estudos, porém, afirmam que a gravidez na adolescência é, geralmente, desejada!
Embora em muitos casos seja resultado de trajetórias de exclusão, a maternidade na adolescência se constitui também como escolha das próprias adolescentes, numa busca por ampliar sua autonomia, autoridade e reconhecimento social (UNICEF, 2011).
A gravidez na adolescência causa muitos impactos na vida das famílias e das adolescentes, nos aspectos físicos, emocionais e sociais. É uma fase em que muitas jovens mulheres abandonam os estudos, planos e sonhos para cuidar do recém-nascido. Nas famílias de baixa renda, esse impacto se constitui com contornos diferenciados, pois representa mais gastos. Se cada integrante tinha um quarto de salário mínimo, em média, para a sobrevivência, com o recém-nascido a per capta diminui para um quinto do salário.
A determinação do papel feminino na sociedade é transmitido às adolescentes, influenciando as suas escolhas e os seus projetos de vida. Entender esse fenômeno universal como um rito de passagem, de uma mudança substancial no status de menina para mulher é essencial para discutir a gravidez na adolescência sob um novo olhar e sem preconceitos.
No HMDI, a Psicologia e o Serviço Social atendem, em média, 40 adolescentes gestantes/puérperas por mês. No entanto, as políticas públicas específicas para essa faixa etária ainda são incipientes. No município de Goiânia, a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), desenvolve o Programa Meninas de Luz que oferece atendimento multiprofissional a gestantes em situação de vulnerabilidade social, com idade de até 21 anos, desde o pré-natal até o bebê completar um ano de vida.
Texto equipe do Hospital e Maternidade Dona Íris (HMDI): Lucia A. Carvalho, Assistente Social e Rafaela Paula Marciano, Psicóloga
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