Psicóloga do HDMI esclarece a diferença entre baby blues e depressão pós-parto

Psicóloga do HMDI esclarece diferenças entre "baby blues" e depressão pós-parto

Em 12/09/23 13:41. Atualizada em 04/12/23 13:40.

Profissional reforça a importância de acompanhamento profissional e alerta para o risco de suicídio e infanticídio em casos severos da depressão pós-parto

Texto: Thalita Braga
Foto: Ascom/Fundahc

Durante o Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suícidio, o Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI) chama atenção para o “baby blues” e a depressão pós-parto. Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revela que uma em cada quatro mães de recém-nascidos no Brasil são diagnosticadas com depressão pós-parto, um dos grandes fatores de risco - quando não tratado - para casos das mulheres acabarem com a própria vida e, em situações mais severas, cometerem infanticídio. 

Segundo a psicóloga do HMDI Rafaela Paula Marciano, no período do puerpério, é comum que a mãe tenha oscilações no humor, choro fácil e sem causa aparente, falta de interesse em outras atividades, baixa autoestima, ansiedade, irritabilidade, além de alterações no sono, no apetite e preocupação excessiva com o bebê. “Essas mudanças identificam o chamado “baby blues” e estão associadas a fatores como: mudanças hormonais, descida do leite e a percepção da responsabilidade que é cuidar de um bebê”. 

Atendimento psicológico HMDI

Ela afirma que esse é um quadro considerado benigno, ou seja, sem grandes riscos para mãe, apesar de trazer muito sofrimento. “Há estudos que apontam que cerca de 80% das mulheres desenvolvem “baby blues”. Ele pode começar na primeira semana após o parto e, normalmente, resolve-se sozinho, sem precisar de um tratamento, entre o primeiro e o terceiro mês após o parto”, explica a Rafaela. 

A psicóloga esclarece que o baby blues geralmente acontece porque é um período de transição que a mulher está vivendo, no qual ela está perdendo o seu lugar de filha, mas ainda não se sente segura para executar as suas tarefas enquanto mãe. “O corpo que está em transformação já não é mais um corpo grávido, mas também não é o corpo que ela tinha antes da gravidez. Outro ponto importante é a relação com o companheiro, que está passando por mudanças porque agora existe ali uma terceira pessoa entre eles. Então, é um período de muitas transformações psíquicas, fora toda a transformação de rotina”, conta. 

Neste período, Rafaela destaca a importância da mulher ter uma rede de apoio e ficar atenta aos sintomas. “Se eles [sintomas] pioram, temos que pensar em uma depressão pós-parto”, alerta. A profissional explica que o período pós-parto é considerado a fase de maior vulnerabilidade na vida da mulher. “Essa é uma fase em que a mulher pode apresentar mais transtornos psiquiátricos, e a depressão pós-parto pode surgir nesse período, acometendo cerca de 10 a 20 % das mulheres”.  

A profissional ressalta que a depressão pós-parto requer tratamento tanto psicológico quanto psiquiátrico. “Diferente do baby blues, em que os sintomas vão diminuindo com o passar do tempo, na depressão pós-parto os sintomas vão se tornando mais intensos, e a mulher passa a apresentar um quadro de profundo sofrimento, no qual a família precisa estar atenta para buscar atendimento profissional”. Rafaela alerta ainda para sintomas recorrentes. “Em  casos assim, a mulher pode sentir uma incapacidade de cuidar do bebê, desinteresse de ter conversas relacionadas à criança, mudanças bruscas de humor, pensamentos suicidas ou homicidas com relação ao bebê”, alerta. 

Prevenção e cuidado 

Ao falar em prevenção, Rafaela destaca que é preciso considerar alguns fatores de risco para a depressão pós-parto, como: gravidez indesejada ou não-planejada, frágil suporte social, histórico familiar ou pessoal de depressão, conflitos conjugais, uso de álcool ou outras drogas, histórico obstétrico de risco, perda gestacional ou gestações de alto risco.  

“Também tem muita relação com a idealização que a mulher tem da maternidade, e isso é algo muito comum na nossa sociedade, que ainda considera a maternidade como um momento de plenitude, felicidade e que nem sempre é assim. Em alguns casos, quando a mãe se depara com aquele bebê real e todas as dificuldades que vêm com a maternidade, ela pode sentir uma quebra muito grande da expectativa, e isso também é um fator de risco para depressão pós-parto”, afirma a psicóloga. 

Rafaela reforça a importância  de uma rede de apoio durante a gravidez e também após o nascimento da criança, além de um pré-natal psicológico. “Ele é um fator de proteção a mais para depressão pós-parto. Nele, a gestante terá um espaço de escuta, permitindo que ela expresse seus temores, seus anseios com relação à gestação e à maternidade e o fortalecimento das redes de apoio”.  

A profissional destaca o trabalho desenvolvido no HMDI para esse público. “Além do atendimento psicológico individualizado, nós temos um grupo de gestantes que, além de fornecer essas orientações em relação à gestação, ao parto, os cuidados com o bebê e as transformações da maternidade, também funciona como uma rede de apoio para essas mulheres. Aqui, elas se identificam umas com as outras, trocam experiências, falam dos seus anseios. É um projeto aberto também para os acompanhantes que vão vivenciar esse momento ao lado delas”. 

Rafaela lembra que também é possível buscar atendimento profissional nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município.

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Fonte: Ascom/Fundahc

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