Dengue: pacientes cardíacos têm maior risco de complicações, explica cardiologista e diretor-geral do HEJ
Em Jataí, foram 3.122 casos notificados até o dia 16 de fevereiro de 2024, um aumento de 285,43% em relação ao mesmo período de 2023
Texto: Mayara Ferreira
Fotos: Ascom HEJ e Freepik
Com o aumento de casos de dengue em todo o país, a população deve estar em alerta para o perigo da doença. Segundo o último informe epidemiológico, foram 3.122 casos notificados até o dia 16 de fevereiro de 2024 em Jataí, um aumento de 285,43%. Se a doença já pode se tornar grave para a população em geral, pessoas com determinados problemas no coração devem estar ainda mais alertas, porque algumas condições associadas à dengue podem trazer maior risco de complicações e até levar ao óbito.
Isso, porque além dos sintomas conhecidos como febre alta, mal-estar, dores nos músculos/articulações e fraqueza, a doença pode causar também aumento de enzimas hepáticas, plaquetopenia (queda das plaquetas) e miocardite (inflamação do músculo cardíaco). “O paciente que sofreu um infarto, que colocou um stent, precisa usar Ácido Acetil Salicílico (AAS) e outras medicações que chamamos de antiplaquetárias. Um dos seus efeitos é reduzir a função das plaquetas, responsáveis pela coagulação do sangue. Como na dengue já pode haver uma redução do número das plaquetas, se isso for associado à uma inibição de sua função com o uso contínuo do AAS, o paciente sofrerá um risco aumentado de sangramentos”, alerta o médico cardiologista e diretor-geral do Hospital Estadual de Jataí Dr. Serafim de Carvalho (HEJ), Juliano Rocha.
Segundo o cardiologista, outra condição preexistente que pode causar complicações em caso do paciente contrair dengue é a insuficiência cardíaca. “Nestes casos, o coração do paciente tem dificuldade de bombear todo o sangue circulante de forma adequada para os tecidos. Uma pessoa com dengue pode sofrer tanto com a desidratação quanto com a hidratação excessiva, quando recebe quantidade maior de líquidos em seu tratamento, gerando maior dificuldade para o coração se adaptar e provocando assim uma descompensação de sua doença cardíaca.”
Como tratar um paciente que não pode ficar sem o AAS? Segundo Juliano, são casos muito complexos e precisam ser tratados individualmente. “A recomendação é que o paciente com problemas cardíacos e que corre risco ao suspender o AAS seja acompanhado pelo seu cardiologista para um acompanhamento mais rígido”, pontua.
Prevenção
A melhor forma de evitar a dengue é combater os focos de água parada, locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença. Para isso, é importante não acumular água em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos, vasinhos de plantas, jarros de flores, garrafas, caixas d´água, tambores, latões, cisternas, sacos plásticos e lixeiras, entre outros.
Atendimento no HEJ
Hoje, o Hospital Estadual de Jataí tem um pronto-socorro sob livre demanda que também recebe pacientes regulados de outras instituições e de outras cidades. “Estamos no combate contra a dengue e a chikungunya, recebendo pacientes de todos os 28 municípios com sintomas leves e graves, realizando o atendimento, exames, internação, transfusões quando necessárias e outros tratamentos”, finaliza Juliano.
Em casos de suspeita da doença, procure atendimento na emergência da unidade.
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