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Baby-blues e depressão pós-parto: psicóloga da Maternidade Célia Câmara fala da importância da rede de apoio

Em 10/09/24 16:39. Atualizada em 12/09/24 11:58.

Profissional alerta para os riscos de saúde mental no período pós-parto e a necessidade de tratamento adequado

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O puerpério, período que segue ao nascimento do bebê, é uma fase de grandes transformações físicas, emocionais e sociais na vida da mulher. Entre os desafios enfrentados, destacam-se o "baby blues" e a depressão pós-parto, condições que podem afetar profundamente a saúde mental das novas mães. Segundo a psicóloga Joyce Souza dos Santos, do Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara (HMMCC), há diferenças entre os dois transtornos emocionais, que devem ser tratados adequadamente.

A profissional explica que o baby blues é uma condição emocional que acomete até 80% das mulheres no pós-parto, caracterizada por sintomas como choro fácil, alterações de humor e sensação de inadequação. Esses sintomas estão relacionados a fatores hormonais, à descida do leite e ao impacto das novas responsabilidades. "Embora traga sofrimento, o baby blues é considerado uma condição, que geralmente se resolve de forma espontânea em algumas semanas", explica Joyce.

Por outro lado, a depressão pós-parto é uma condição mais grave, afetando entre 10% a 20% das mulheres. Diferente do baby blues, seus sintomas tendem a se intensificar com o tempo, levando a um profundo sofrimento e, em casos graves, a pensamentos suicidas ou homicidas. "A depressão pós-parto requer tratamento psicológico e, em muitos casos, psiquiátrico, para evitar que a situação se agrave a ponto de colocar em risco a vida da mãe e do bebê", alerta a psicóloga.

Impacto do puerpério na saúde mental
O período do puerpério é marcado por uma vulnerabilidade emocional exacerbada. Fatores como gravidez não planejada, ausência de suporte social, histórico de depressão e conflitos conjugais são importantes gatilhos para a depressão pós-parto. Joyce também destaca a pressão cultural em torno da maternidade, que é frequentemente idealizada como um momento de plenitude, mas que, na realidade, pode ser extremamente desafiadora. “Essa idealização contribui para a frustração e o sentimento de inadequação quando a mãe se depara com as dificuldades reais de cuidar de um recém-nascido”, explica.

Diante desse cenário, a rede de apoio se torna essencial para a nova mãe. “É fundamental que a mulher tenha suporte emocional e prático durante esse período. Uma rede de apoio forte pode fazer a diferença entre enfrentar as dificuldades do pós-parto e desenvolver uma depressão que pode evoluir para situações mais graves”, afirma a psicóloga.

Prevenção e tratamento
Joice explica que a prevenção da depressão pós-parto começa ainda durante a gestação. “O pré-natal psicológico é uma ferramenta importante para preparar a mulher para os desafios da maternidade, oferecendo um espaço para que ela expresse seus medos e anseios”, pontua.

No HMMCC, além do atendimento psicológico individualizado, as gestantes têm acesso a grupos de apoio, onde podem compartilhar experiências e receber orientações sobre o parto e os cuidados com o bebê. “Esses grupos funcionam como uma rede de apoio, onde as mulheres se sentem acolhidas e compreendidas, o que ajuda a prevenir o desenvolvimento de transtornos emocionais no pós-parto”, destaca Joice Souza.

A psicóloga reforça que as famílias precisam estar atentas aos sinais de depressão pós-parto e buscar ajuda profissional ao perceberem que a mãe apresenta sintomas persistentes como desânimo, desinteresse pelo bebê ou pensamentos suicidas. "O tratamento adequado, que pode incluir terapia e, em alguns casos, medicação, é essencial para que a mulher recupere sua saúde mental e possa cuidar de si mesma e de seu bebê com segurança", ressalta.

O HMMCC oferece atendimento especializado e orienta as famílias sobre onde buscar ajuda adicional, como nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município. Dessa forma, as mães têm acesso ao suporte necessário para enfrentar os desafios emocionais do pós-parto com segurança e dignidade.

 

Texto: Thalita Braga 

Fotos: Freepik 



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